Por Que É Tão Difícil Ser Imparcial – E Por Que Um Líder Precisa Vencer Esse Desafio
- Odirlei Turci
- 20 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.
Olá, tudo bem?
Neste Post quero falar sobre algo tão desafiador quanto necessário: a imparcialidade. Em especial, por que ela é tão difícil de alcançar — e por que, se você exerce uma liderança (formal ou informal), desenvolver essa habilidade é vital.
Vamos olhar para isso sob duas óticas poderosas: a Neurociência e a Psicanálise. Pode confiar: entender esse ponto de vista muda tudo na forma como nos vemos — e como lideramos.

A Neurociência explica: seu cérebro tem atalhos que atrapalham
Sabia que o nosso cérebro não é programado para ser imparcial? Pelo contrário, ele funciona por meio de vieses, ou seja, atalhos mentais que usamos para tomar decisões rápidas com o menor esforço possível. Isso é ótimo para a sobrevivência… mas péssimo para o julgamento justo.
Alguns exemplos:
Viés de confirmação: tendemos a procurar e valorizar informações que reforçam o que já acreditamos.
Empatia seletiva: somos mais empáticos com quem se parece conosco. O cérebro responde mais fortemente a rostos, vozes e histórias semelhantes às nossas.
Sistema emocional vs. racional: em momentos de estresse, quem assume o volante é o emocional. A lógica entra no banco do carona.
Como isso impacta a liderança? Simples: se você lidera, toma decisões o tempo todo — sobre pessoas, projetos, conflitos e prioridades. Se essas decisões forem contaminadas por vieses, você corre o risco de ser injusto sem perceber.
A Psicanálise revela: o inconsciente sempre participa
Freud já dizia: “O ego não é senhor em sua própria casa.” Ou seja, nem sempre temos plena consciência do que nos move. Às vezes, julgamos alguém não pelo que a pessoa fez, mas pelo que ela nos faz sentir — ou nos faz lembrar de nós mesmos.
Alguns mecanismos psicanalíticos que afetam a imparcialidade:
Projeção: colocamos no outro sentimentos ou características que, na verdade, são nossos.
Ideal do Eu: julgamos situações com base em um modelo interno de perfeição inalcançável.
Desejo de controle ou reconhecimento: muitas decisões são tomadas para alimentar o ego, não para resolver o problema.
E tudo isso acontece sem que percebamos. Mas, quando você lidera, o impacto dessas distorções vai muito além de você. Afeta a cultura, o clima, os resultados.
O líder que julga com clareza lidera com confiança
Ser imparcial não é ser frio. Pelo contrário: é ser profundamente humano e ético. É reconhecer que, sim, temos emoções, preferências, inseguranças — mas que, ainda assim, podemos fazer escolhas conscientes e responsáveis.
Um líder justo:
✔️ Inspira respeito, não pelo cargo, mas pela coerência.
✔️ Cria um ambiente seguro, onde as pessoas se sentem vistas e ouvidas.
✔️ Toma decisões mais eficazes, porque vê a realidade com mais nitidez.
Como desenvolver essa capacidade?
Felizmente, a imparcialidade é como um músculo. Pode (e deve) ser treinada. Algumas práticas poderosas incluem:
🔹 Autoobservação constante – questione seus próprios pensamentos.
🔹 Diálogos honestos com pessoas confiáveis – peça feedback.
🔹 Prática de escuta ativa – ouça para entender, não para responder.
🔹 Conhecimento sobre seus próprios padrões emocionais – terapia pode ajudar muito.
🔹 Pausas conscientes para decisões importantes – dê tempo para o racional entrar em cena.
Ser imparcial é difícil, sim. Mas é uma das marcas mais nobres de uma liderança madura.
Se você sente que esse é um desafio para você — ótimo! Isso já é um sinal de consciência e vontade de evoluir. E todo líder verdadeiramente grande começa por aí: reconhecendo suas limitações e se comprometendo com o crescimento.
Então, que tal dar o próximo passo? A sua equipe, seus colegas e você mesmo merecem esse nível de consciência e justiça.
Vamos juntos?
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